Introdução: A síndrome de Takotsubo é uma desordem transitória e segmentar do ventrículo esquerdo na ausência de coronariopatia obstrutiva, sendo provocada em grande parte dos casos, por uma situação de estresse agudo. Suas formas de apresentação podem ser apical , medioventricular, basal e focal, com incidências de 81,7%, 14,6%, 2,2% e 1,5%, respectivamente. Relato de caso: Paciente 62 anos do sexo feminino, sem comorbidades conhecidas, com queixa de dor torácica anginosa, de início súbito, uma hora após estresse emocional. À admissão, estável hemodinamicamente, sem alterações ao exame físico, em ritmo sinusal e sem outros achados isquêmicos ao ECG. Marcadores de necrose miocárdica positivos (troponina = 3,35 ng/dl – valor de referencia < 0,004 ng/dl). Encaminhada ao cateterismo cardíaco que evidenciou disfunção sistólica global acentuada, com hipocinesia nas paredes anterior, anteroapical, anterolateral, apical, inferolateral, inferoapical, inferobasal, lateral e septal, com acinesia na parede inferior. Não documentado lesões obstrutivas. Aventado a hipótese de cardiomiopatia de Takotsubo forma medioventricular. Solicitado ecocardiograma transtorácico que apresentou função sistólica no limite inferior da normalidade à custas de acinesia dos segmentos médios de todas as paredes. Realizada ressonância cardíaca que evidenciou alteração segmentar da contratilidade em segmentos médios, confirmando o diagnóstico de Takotsubo tipo médioventricular.
Discussão: Uma das variantes atípicas da cardiomiopatia de takotsubo, é caracterizada por anormalidades transitórias do movimento da parede do segmento médio do ventrículo esquerdo, com preservação apical. A apresentação clínica da forma medioventricular é idêntica ao Takotsubo típico. Vários mecanismos têm sido propostos para explicar as diferenças entre as formas, que incluem diferenças na localização anatômica dos receptores adrenérgicos cardíacos, o grau de atividade simpática e a suscetibilidade a estimulação simpática. Conclusão: A incidência da doença de Takotsubo é baixa, sendo a forma atípica ainda mais rara, devendo ser lembrada no contexto do paciente com dor torácica na emergência.