Introdução: O infarto agudo do miocárdio com supra de ST (IAMCST) atualmente cursa como uma das principais causas de morte no Brasil. De acordo com as últimas recomendações da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a terapia de reperfusão é conduta prioritária no tratamento destes pacientes nas primeiras 12 horas de evolução, uma vez que esta possibilita recanalização coronariana e redução/interrupção do dano ao miocárdio. Preferencialmente deve ser realizada por intervenção coronariana percutânea (ICP) primária ou através de agentes trombolíticos (terapia lítica de reperfusão), de acordo com a disponibilidade do recurso. Em centros sem serviço de hemodinâmica, quando optado por trombólise química, recomenda-se transferência para realização de cinecoronariografia, com a intenção de revascularizar o vaso-culpado ou outras estenoses coronarianas, devendo esta ser realizada de 6 até 24 horas após a fibrinólise em pacientes estáveis, visando a estratégia fármaco-invasiva. O presente estudo tem como objetivo avaliar o tempo de espera para cateterismo cardíaco(CATE) após trombólise em pacientes com IAMCST atendidos em hospital secundário da rede pública brasileira. Métodos: análise retrospectiva no período de janeiro/2016 a dezembro/2018 do tempo de espera para CATE (dias entre a solicitação e realização do exame) dos pacientes admitidos com IAMCST em tempo de trombólise em um hospital secundário acreditado do Sistema Único de Saúde sem serviço de hemodinâmica. Resultados: no período selecionado foram analisados um total de 112 pacientes; 95 pacientes foram submetidos à trombólise com rtPA; 11 apresentavam contra indicações ao procedimento e 6 evoluíram a óbito antes do procedimento. Dentre os pacientes trombolisados, 26 (27,37%) necessitaram de ICP de resgate, realizada em menos de 24h da entrada; os 69 restantes foram submetidos à CATE pós-fibrinólise com uma média espera para o procedimento de 14,09 dias; dentre esses 69 casos, a média de espera de dias fora do âmbito hospitalar foi de 8,2 dias. Conclusões: a rede pública apresenta déficit do recurso e problemas na regulação do CATE na região estudada para pacientes com IAMCST, o que ocasiona maior risco de complicações a esse grupo de pacientes, uma vez que parte da espera do exame ocorre fora do âmbito hospitalar, sem supervisão médica. Esses dados denotam a necessidade urgente da criação de políticas públicas que visem melhor regulação e disponibilidade deste recurso, a fim de adequar o tratamento desse grupo de pacientes às recomendações nacionais e internacionais.