Apresentação do caso
SRB, 66 anos, relata que há 02 meses apresentou amaurose fugaz. Procurou oftalmologista que solicitou ecocardiograma transesofágico que demonstrou valva aórtica espessada com imagem filamentar, móvel, aderida a face ventricular da cúspide não coronariana de 0,6 cm de comprimento compatível com fibroelastoma ou vegetação e forame oval pérvio.
Há 10 dias apresentou dificuldade de marcha e fala, sendo atendido em pronto socorro e diagnosticado com acidente vascular cerebral em território de artéria cerebral média direita, sendo encaminhado para o nosso hospital para tratamento. Realizou ETE que não visualizou componente móvel na estrutura descrita da valva aórtica.
A equipe assistente optou por tratamento cirúrgico com exérese de massa em folheto não coronariano e coronariano esquerdo e fechamento de CIA.
O anatomopatológico confirmou o diagnóstico de Fibroelastoma papilefero (FEP)
Discussão do caso
O FEP é um tumor cardíaco primário, raro, de crescimento lento, acomete as valvas cardíacas. São descritos como uma massa móvel, bem delimitada. Geralmente é uma lesão única. As cúspides aórticas são as mais acometidas, podendo acometer todas as superfícies endocárdicas
A incidência é igual em ambos os sexos, ocorrem em qualquer faixa etária. Na maioria das vezes é assintomática. Sua detecção precoce é importante, pois a complicação mais temida é a embolização sistêmica, particularmente para a circulação cerebral ou coronariana. Tais eventos dependem do seu tamanho, mobilidade e localização, além do potencial deflagrador da agregação plaquetária.
A patogênese ainda é indefinida. A hipótese mais aceita é a de que essas lesões se originam das excrescências gigantes de Lambl.
É um achado incidental e o diagnóstico é feito pelo ecocardiograma, que é o método ideal para a caracterização do tumor. É um instrumento útil na suspeição diagnóstica de eventos emboligênicos originados no coração. O achado é de uma massa, assemelhando-se a uma "anêmona do mar" com múltiplas ramificações presas por um pedículo ao endocárdio.
Comentários finais
Nos pacientes sintomáticos o tratamento de escolha é a ressecção cirúrgica que é um procedimento curativo. Nos assintomáticos, a conduta não está definida.