O transplante heterotópico cardíaco (THC) tem sido uma alternativa em pacientes com resistência vascular pulmonar elevada devido ao risco de falência do ventrículo direito (VD) no coração transplantado e nos casos de disfunção ventricular (DV) potencialmente reversível. A Ressonância Magnética Cardíaca (RMC) é considerada o "padrão ouro" para a avaliação da função sistólica regional e global, infarto e viabilidade miocárdica.
Paciente do sexo feminino, 13 anos e diagnóstico de anomalia de Ebstein (que é uma cardiopatia congênita rara que ocorre em ≈1 por 200.000 nascidos vivos e representa <1% de todos os casos de cardiopatia congênita), internou com dispnéia, palpitações, turgência jugular e cardiomegalia. A RMC demonstrou um VD pequeno e disfuncionante, com importante porção atrializada. Foi submetida à cirurgia do Cone, porém permaneceu com DV direita importante e necessidade de assistência ventricular (ECMO). O THC foi realizado na tentativa de recuperar a função ventricular direita do coração nativo. O seguimento foi realizado com RMC para avaliação de ambos os corações.
A RMC é uma técnica clínica importante que pode ser usada para avaliar uma ampla gama de patologias cardíacas, especialmente para monitorar casos de transplante heterotópico, pois as sequências são realizadas de forma individualizada do coração nativo e transplantado, independentemente da anatomia torácica atípica após a cirurgia. A RMC possui vantagens exclusivas em relação à ecocardiografia nas cardiopatias congênitas, pois permite não apenas quantificar o tamanho e a função do VD, mas também avaliar as causas da disfunção do VD.
A RMC é um excelente método no seguimento de pacientes submetidos a THC, pois permite analisar simultaneamente múltiplas imagens e fração de ejeção de ambos os corações e, na idade pediátrica, onde a radiação ionizante é uma preocupação, o método se torna bem atraente.