Introdução
Danos a estrutura do miocárdio ocorrem durante cirurgias de revascularização miocárdica (CRM) e podem ser identificados pela liberação de biomarcadores cardíacos. Todavia, os métodos convencionais de imagem carecem de sensibilidade para identificar as alterações estruturais que acontecem nesse cenário. Como o mapeamento T1 da Ressonância Magnética Cardíaca (RMC) apresenta a capacidade de identificar alterações microestruturais do tecido cardíaco, sua aquisição foi realizada antes e após a CRM com e sem o uso da circulação extracorpórea (CEC).
Métodos
Pacientes com doença arterial coronariana e função ventricular preservada com indicação de CRM com e sem CEC foram incluídos. RMC e mapeamento T1 foram realizados utilizando a técnica MOLLI (modified Look-Locker inversion-recovery) antes e após os procedimentos. Os Valores de T1 nativo e da fração de volume extracelular (ECV) foram obtidos e comparados entre os grupos com e sem CEC nos dois momentos.
Resultados
Dos 110 pacientes elegíveis para o estudo, 34 foram excluídos devido à presença de realce tardio ou edema. Dos 76 pacientes restantes, 32 (42%) foram submetidos a CRM com CEC (Grupo A) e 44 (58%) a sem CEC (Grupo B). Todas as características basais foram semelhantes entre os grupos, exceto o SYNTAX Score, que foi maior no Grupo A (25 x 21, p = 0,002).
Para o grupo A, o T1 nativo antes e após os procedimentos foi 1013 ms (998-1043) e 1004 ms (793-1048), p = 0,19 e o ECV foi 26,4 (23,9-27,6) e 31,2 (27,6-33,9), p < 0,001. Para o grupo B, o T1 nativo antes e após os procedimentos foi 1015 ms (970-1044) e 992 ms (867-1051), p = 0,003 e ECV 27,5 (25,3-29,9) e 30,3 (26,5-34,3), p = 0,02 . A comparação do T1 nativo antes e após os procedimentos entre os grupos A e B não teve diferença estatisticamente significativa (Delta T1 -9,8 (-102 - 51,8) x -25,4 (-119-51,2), p = 0,87. No entanto, a diferença do ECV entre os grupos foi estatisticamente significativa (Delta ECV 3.8 (2.2–7.1) x 1.3 (-1,1–4.9), p = 0,039, respectivamente, para os grupos A e B.
Conclusão
Nesta amostra estudada, o mapeamento T1 identificou alterações estruturais miocárdicas significativas após CRM com e sem CEC. Além disso, injúria miocárdica de maior magnitude foi observada após a CRM com CEC, refletida pela elevação dos valores do ECV obtidos após os procedimentos.