G.M.O., sexo feminino, 26 anos, sem comorbidades, diagnosticada em novembro de 2017 com Linfoma Hodgkin, vinha em programação de início de tratamento quimioterápico. Iniciou queixa de dispneia progressiva e ortopnéia. Durante investigação, diagnosticado Tamponamento Cardíaco, com Ecocardiograma evidenciando derrame pericárdio importante com sinais de restrição ao enchimento ventricular. Submetida a pericardiocentese de alívio na urgência, com drenagem de 250 ml de líquido seroso. Na mesma ocasião foi submetida a Toracocentese à direita com biópsia, com drenagem de 600ml de líquido seroso e biópsia compatível com tecido inflamatório granulomatoso inespecífico. Iniciou então quimioterapia com esquema ABVD (Dacarbazina, Doxorrubicina e Vimblastina; não realizado Bleomicina por indisponibilidade). Durante o quinto ciclo quimioterápico, procurou serviço de emergência com quadro de febre diária vespertina e dispnéia, sendo detectado derrame pericárdico moderado sem sinais de restrição, além de derrame pleural moderado e neutropenia febril. Ressonância Magnética Cardíaca (RMC) demostrou importante espessamento / fibrose dos folhetos pericárdicos, sobretudo do folheto parietal, medindo até 0,6 cm, sugestivos de Pericardite Constritiva. Foi iniciado tratamento empírico com Cefepime, Colchicina e Prednisona, apresentando melhora clínica em 10 dias. Ainda, foi realizado PET-CT que descartou recidiva de doença linfoproliferativa em pericárdio. Em retorno ambulatorial, apresentou nova piora da dispnéia, taquicardia e hipoperfusão, sendo optado por re-internação. Na ocasião, Ecocardiograma evidenciou trombo em átrio direito e extremidade de cateter de longa permanência, e nova RMC revelou 03 imagens móveis no átrio direito, próximas ao cateter venoso central, em topografia supravalvar tricúspide, medindo 1,0 cm, indeterminadas ao método, sendo levantadas hipóteses de Endocardite Infecciosa ou Trombo. Empiricamente, iniciado tratamento com Daptomicina, além de anticoagulação com Enoxaparina plena. Novo PET-CT descartou recidiva de doença hematológica, mas apresentou captação pleural Direita. Nova biópsia pleural revelou processo inflamatório crônico granulomatoso de padrão tuberculóide, negativa para malignidade. Assim, foi adicionado esquema COXCIP. Paciente evoluiu sem recorrência de pericardite até o término do tratamento com COXCIP por 6 meses, e concluiu o 6º ciclo de quimioterapia, sendo considerada sem evidência de doença hematológica atualmente.