Introdução: A perfuração coronariana relacionada à angioplastia é uma complicação rara, porém potencialmente catastrófica. Possui uma incidência média de 0.5%, porém alguns fatores de risco estão mais associados a uma maior taxa de complicações periprocedimento, como o uso de dispositivos de aterectomia, uso de balões com dimensões e/ou pressões aumentadas, cirurgia de emergência, doença arterial coronariana e elevada complexidade anatômica. Relato do caso: Paciente feminino, 55 anos, hipertensa, portadora de doença pulmonar obstrutiva crônica e dois infartos prévios (2008 e 2017). Procurou pronto-socorro com precordialgia típica, eletrocardiograma com bloqueio de ramo esquerdo, alteração de parede inferior sugestiva de isquemia aguda. Realizada trombólise, sem critérios de reperfusão, encaminhada para angioplastia de resgate. No procedimento foi visualizada a artéria culpada, artéria descendente posterior (ADP) com oclusão total em seu terço médio. Feita a angioplastia da ADP com sucesso, sem intercorrências e mantida com dupla antiagregação e tirofiban devido à alta carga trombótica. Encaminhada para unidade de coronariopatia aguda após procedimento, estável hemodinamicamente. Após 12 horas do procedimento, a paciente evolui de forma rápida e progressiva com choque refratário. Ecocardiograma feito à beira leito evidenciou derrame pericárdico importante e com sinais de restrição ao enchimento ventricular. Encaminhada ao centro cirúrgico onde foi realizada janela pericárdica subxifóidea com saída de 500 mL de líquido hemático. Após o procedimento apresentou restauração imediata hemodinâmica e feito desmame progressivo de drogas vasoativas. Discussão: No relato acima não foram visualizadas quaisquer complicações durante o procedimento. No entanto, uma perfuração de baixo grau causada pelo fio guia associado ao uso de tripla terapia antiagregante e anticoagulação durante a angioplastia, pode ter sido suficiente para a evolução do tamponamento cardíaco de uma forma insidiosa. A evolução atípica, associado à cineangiocoronariografia sem alteração poderia postergar o diagnóstico levando a um desfecho trágico. Conclusão: O tamponamento cardíaco associado à angioplastia é uma complicação rara e com possível risco para evolução desfavorável. Seu diagnóstico é desafiador e a intervenção precoce foi essencial para o desfecho bem sucedido.