Introdução: O infarto agudo do miocárdio (IAM) é um problema clínico comum nos dias atuais, tendo como causa mais comum de morte intra-hospitalar o choque cardiogênico. Para estabilização hemodinâmica o suporte mecânico com dispositivos como balão intra-aórtico, dispositivos percutâneos de assistência ventricular esquerda e suporte completo de vida extracorpóreo com oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO) muitas vezes são considerados.Até o momento, são poucos os estudos com ECMO demonstrando associação com mortalidade e outros desfechos importantes, especificamente no pós-IAM. O objetivo deste trabalho, foi relatar um caso onde foi utilizado ECMO pós-IAM em um paciente que evoluiu com taquicardia ventricular incessante (TVI) e choque cardiogênico.
Relato: LAQ, 57 anos, masculino, hipertenso, diabético, com dor torácica típica procurou atendimento pronto socorro da Lapa, sendo diagnosticado com de infarto com supra de ST de parede anterior. Trombólise com alteplase com delta T de 2h. CATE oclusão DA proximal com angioplastia stent convencional, e kissing ballon Dg2. Em segundo momento angioplastia de lesão residual Mg1. Evoluiu com taquicardias ventriculares incessantes (TVI) com pulso, novo CATE com 90% médio e MgE1 100% ocluída proximal (oclusão aguda de stent), realizado angioplastia das lesões. Mesmo após procedimento paciente evoluiu com choque cardiogênico, sendo instalada ECMO venoarterial (veia femural esquerda com cânula 23 F, e artéria femural direita com cânula19 F), utilizando uma bomba centrífuga magnética com uma membrana de oxigenação em polimetilpanteno. Houve reversão imediata do choque, com diminuição progressiva dos vasopressores. O ritmo permaneceu sinusal após a ECMO. Houve clareamento do lactato, e correção da acidose metabólica. Após 24 horas houve melhora da função renal e da função hepática. Evoluiu estável do ponto de vista hemodinâmico e cardíaco, sendo realizado desmame ventilatório e desmame de fármacos vasoativos. Após 5 dias foi feita a decanulação da ECMO com sucesso. A extubação foi realizada no dia seguinte a decanulação. Evoluiu bem durante a internação e em alta encontrava-se estável, com ECO TT FE 40% recebendo anticoagulante oral (varfarina com INR na faixa adequada), clopidogrel, beta-bloqueador, inibidor de enzima de conversão de angiotensina e inibidor de aldosterona.
Conclusão: O choque cardiogênico se mantem como uma grave complicação do infarto agudo do miocárdio, principalmente quando associada a evento arrítmicos, e a utilização da ECMO pode ser uma boa opção de tratamento para estes casos.