Introdução
O infarto agudo do miocárdio representa a maior causa de morte no mundo. Diante disso, o seu manejo deve ser cuidadoso, principalmente em casos atípicos como na trombose de ectasias coronarianas.
Relato de casos
Paciente A
Paciente masculino, 47 anos, hipertenso, dislipidêmico, com infarto prévio e trombofilia em investigação, foi diagnosticado com infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST (IAMCST) de parede inferior e ventrículo direito. Submetido a cineangiocoronariografia (CATE) que evidenciou artérias coronarianas ectasiadas e coronária direita (ACD) com trombo oclusivo. Feito angioplastia com balão, tromboaspiração e trombólise intracoronária. Recebeu alta com clopidogrel e varfarina.
Paciente B
Paciente masculino, 81 anos, hipertenso, diabético e ex-tabagista, diagnosticado com IAMCST de parede inferior e ventrículo direito. Encaminhado para CATE que mostrou artérias coronárias ectasiadas e oclusão da ACD, com grande quantidade de trombos em seu interior. Foi realizada tromboaspiração e angioplastia com balão. Recebeu alta apenas com varfarina devido elevado risco hemorrágico.
Paciente C
Paciente masculino, 68 anos, hipertenso e ex-tabagista, recebeu diagnóstico de IAMCST de parede inferior. Foi transferido para hospital cardiológico em tempo hábil para angioplastia primária. Realizado CATE que evidenciou ACD ectasiada e ocluída, com alta carga trombótica. Submetido a angioplastia sem stent, tromboaspiração e trombólise intra coronária. Evoluiu com rotura de músculo papilar com necessidade de cirurgia de emergência. Na elaboração desse relato segue em boa recuperação na UTI.
Discussão
A ectasia coronariana é definida com uma dilatação difusa das artérias coronárias. A patogênese ainda não é bem conhecida, sendo que há alguns possíveis fatores de risco, como genética, doença arterial coronariana, vasculites e infecções. O diagnóstico pode ser um achado incidental em exames de imagem, mas também ter como apresentação inicial uma síndrome coronariana aguda (SCA). Há uma tendência em manter anticoagulação oral nos pacientes com ectasia e SCA baseado em estudos recentes com redução de morte cardiovascular e infarto não-fatal. Nos 3 casos relatados optamos por manter a anticoagulação plena. A associação dos antiplaquetários variou conforme o risco hemorrágico.
Conclusão
A ectasia coronariana merece uma atenção especial no atendimento médico por poder estar associada a uma maior chance de eventos coronarianos, porém carece de maiores estudos a respeito do manejo terapêutico.