Introdução: o ecocardiograma ultra-portátil (ECOP) realizado pelo médico logo após história e exame físico é uma ferramenta que possibilita o diagnóstico imediato de certas condições clínicas. Aqui é relatado o caso de uma paciente com insuficiência cardíaca aguda causada por tumor de átrio esquerdo. Tumores cardíacos primários são raros; o mixoma do átrio esquerdo (AE) é o segundo mais frequente depois dos fibromas e tem características benignas em 75% dos casos.
Relato do caso: mulher de 38 anos procurou o pronto socorro por dispneia aos esforços há três meses que há 30 dias progrediu para mínimos esforços com ortopneia, dispneia paroxística noturna e edema de membros inferiores. Já havia recebido diagnóstico prévio de pneumonia nesse intervalo e relata várias idas a outros pronto socorros com mesmos sintomas. Ao exame físico havia estase jugular e ictus proeminente e palpável; à ausculta havia sopro holossistólico suave 4+/6 em foco mitral com irradiação para axila esquerda e sopro diastólico em ruflar 2+/6, em foco mitral. Havia também hepatomegalia dolorosa e edema em membros inferiores. Antes de qualquer exame complementar foi utilizado o ECOP (Vscan®) que mostrou massa volumosa móvel em AE aderida em septo interatrial, com movimento diastólico para o ventrículo esquerdo ( figura 1). O ecocardiograma transtorácico completo confirmou a massa no AE que media 8,8 x 4,1 cm e tinha aspecto sugestivo de mixoma atrial; havia sinais de trombo posterior com diâmetros de 3,1 x 1,4 cm. Após melhora clínica foi submetida a cirurgia, sem intercorrências, para ressecção da massa que confirmou mixoma com trombo.
Discussão: O ECOP ultra-portátil realizado pelo médico residente de cardiologia no atendimento desta urgência médica foi fundamental para o manejo clínico inicial e agilidade na continuidade da investigação diagnóstica. Tal instrumento deve ser encarado como um auxílio importante à anamnese e ao exame físico.
Figura 1: imagem de ECOP em eixo longo e quatro câmaras evidenciando massa móvel em AE