Introdução: A fragilidade é muito prevalente em pacientes idosos com insuficiência cardíaca (IC). Ambas as condições compartilham fatores etiológicos e estão associadas a maior mortalidade. A associação entre fragilidade e mortalidade, em pacientes com IC ainda pouco compreendida. Objetivo: Avaliar o valor preditivo da fragilidade para mortalidade em idosos com IC e sem IC, independentemente de outras doenças cardiovasculares (DCV). Método: análises longitudinais de 1 ano do estudo SARCOS. Estudo sobre a associação entre doenças de vulnerabilidade e mortalidade em idosos do ambulatório de Cardio Geriatria. Avaliações: iniciais, 6 e 12 meses. Amostra: 528 idosos de ambos os sexos. Variáveis cardiovasculares: hipertensão (HP), angina crônica (AC), insuficiência cardíaca (IC), infarto do miocárdio prévio (IM), fibrilação atrial (FA) e diabetes mellitus (DM) coletados no prontuário. A fragilidade foi definida pelo critério de Fried (≥3 fragilidade, 1-2 pré-fragilidade e 0 robusto): perda de peso, baixa velocidade de marcha, fraqueza, baixa energia (adaptada), exaustão. Variáveis avaliadas: Mortalidade aos 12 meses. A regressão logística foi utilizada para análises de risco com e sem ajuste para as variáveis significativas.
Resultados: 438 pacientes completaram 1 ano, 58,4% (n = 256) mulheres (p = ns), 44,3% da amostra com idade média de 79,8 (6,4). A fragilidade ocorreu em 17,9% da amostra, enquanto as DCV foram: HP: 91,3% (n = 399), HF: 28,6% (n = 125), MP: 33,6% (n = 147), AC: 22,4% 98) , AF: 13,7% (n = 60), DM: 42,1% (n = 138). Entre os idosos com IC (n = 125), a fragilidade ocorreu em 21,5% e a taxa de mortalidade foi de 12,7% (n = 8), dos quais 50% (p = 0,050) foram frágeis. Nos idosos sem IC (n = 313), a fragilidade ocorreu em 16,1% e a taxa de mortalidade foi de 6,5%, dos quais 30% apresentaram fragilidade no início do estudo (p = ns). Análises de regressão para óbito no grupo IC, fragilidade apresentou OR = 5,11 (IC 95%: 1,07-24,3; p = 0,040) e após ajuste para sexo feminino, idade, IAM prévio, AF e HP, OR = 7,28 (IC 95%: 1,24-42,56, p = 0,027).
Conclusão: A fragilidade é um forte preditor de mortalidade em pacientes idosos ambulatoriais com insuficiência cardíaca, independentemente, da presença de outras doenças cardiovasculares.