Introdução: O choque cardiogênico (CC) ocorre em 5 a 10% dos casos de infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento de segmento ST (IAMCSST) e cursa com mortalidade em torno de 50% nos primeiros 30 dias. Após alta hospitalar, complicações cardiovasculares são comuns e precoces. Trombólise no CC é utilizada como recurso extraordinário e dados de seguimento na população brasileira são desconhecidos. Objetivo: Reportar a evolução de médio prazo de pacientes com CC no IAMCSST, atendidos em uma grande rede de IAM, submetidos à estratégia fármaco-invasiva. Métodos: Entre Janeiro/2010 e Novembro/2018, 2539 pacientes receberam tenecteplase (TNK) em hospital primário e realizaram cateterismo precoce para angioplastia. Choque cardiogênico (N=237) foi definido por critérios clínicos de hipoperfusão orgânica ou uso de vasopressores. Os sobreviventes foram acompanhados no ambulatório da instituição ou contatados por telefone (aprovação CEP 0935/2017). Naqueles pacientes com seguimento mínimo de 60 dias após o evento index, analisadas as taxas de óbito cardiovascular (CV) e de eventos CV maiores (ECM=nova internação, nova revascularização não planejada ou óbito) e comparados os grupos c/ e s/ ECM para variáveis demográficas e clínicas. As variáveis categóricas foram comparadas pelo teste qui-quadrado e as numéricas pelos testes t de Student ou Mann-Whitney conforme normalidade. Resultados: Mortalidade intra-hospitalar foi 60,3% (N=143). Entre 94 sobreviventes, 14 pacientes (14,9%) perderam seguimento ou tiveram dados insuficientes, sendo então incluídos 80 pacientes (idade média 58,3 anos, 26% sexo feminino, 57% parede anterior, tempo dor-agulha médio 253 + 141 min, tempo médio TNK-cate de 674 + 848 min). Em seguimento mediano de 20,5 meses (intervalo interquartil: 6-42), óbito CV ocorreu em 10 pacientes (12,5%), com tempo médio até evento de 5,5 meses (intervalo interquartil: 2-9). Em análise univariada, fração de ejeção intra-hospitalar foi associada ao óbito (32 + 6% vs 43 + 9%, p<0,001), além de uma tendência de associação para doença multiarterial (90% vs 58%,p=0,056). O desfecho combinado de ECM ocorreu em 27 (33,7%) casos, sendo associado à revascularização parcial durante a internação índex (55% vs 30%, p=0,03). Conclusão: Em pacientes sobreviventes do choque cardiogênico secundário ao IAMCSST tratados com EFI, as taxas de óbito e eventos cardiovasculares permanecem elevadas no seguimento precoce e associadas com disfunção ventricular e revascularização incompleta.