Introdução: A prevalência do hipotireoidismo aumenta com a idade, é maior nas mulheres, sendo de 3% a 8% na população geral sem doença tireoidiana conhecida. Há evidências crescentes de que a doença da tireóide está associada a anormalidades lipídicas, hipercoagulabilidade e maior risco cardiovascular. Métodos: Foram estudados 556 pacientes admitidos com infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento de segmento ST(IAMCSST) de 2010 a 2012, trombolisados com Tenecteplase e submetidos a intervenção coronariana percutânea(ICP) farmacoinvasiva ou de resgate, com o objetivo de examinar a relação entre os níveis admissionais de hormônio tireoestimulante(TSH) e eventos hospitalares adversos. Foram definidas três faixas de TSH na admissão: <4,5 mU/mL (456 pacientes), 4,5-10 mU/mL (56 pacientes) e > 10 mU/mL (15 pacientes). Resultados: Os pacientes na categoria com maior TSH foram mais velhos (65 anos ± 11), predominantemente do sexo feminino (66,7%), com mais fatores de risco cardiovasculares conhecidos, como hipertensão e dislipidemia. Curiosamente, apesar de apresentar maior prevalência de comorbidades, o grupo com TSH> 10 mU/mL apresentou o menor percentual de IAM prévio: 0% (TSH:> 10 mU/mL), 4,3% (TSH: 4,5-10 mU/mL) e 10,1% (TSH <4,5 mU/mL), mas maior prevalência de acidente vascular cerebral, 13,3%, 6,5% e 4,4%, respectivamente. Todos os escores de risco cardiovascular avaliados tiveram um aumento gradual em direção a níveis mais altos de TSH(Tabela 1). Durante a ICP, observou-se um percentual maior de no-reflow (13,3%), IAM peri-procedimento (13,3%) e morte (6,7%) no grupo com nível de TSH> 10 mU/mL, com p <0,05 para todos. Conclusão: Pacientes com níveis mais elevados de TSH na admissão e com IAMCSST submetidos a terapia trombolítica e ICP tem menores taxas de reperfusão e pior prognóstico durante a internação hospitalar.