Introdução: Dentre os aneurismas de aorta torácia secundários a trauma, os que ocorrem de maneira crônica são raros, respondendo por 1-2% do total dos casos, quando a lesão aórtica passa despercebida no atendimento do evento traumático inicial. Com a melhoria e o maior acesso aos meios diagnósticos de imagem, tendem a diminuir cada vez mais. Aqui, relatamos o caso de um paciente com complicação pulmonar extrema em decorrência de uma dessa lesões.
Descrição: RLL, 37 anos, masculino, pedreiro. Sem comorbidades conhecidas. Única internação prévia havia 3 anos após politrauma (atropelamento), com fraturas de membro superior e quadril esquerdos. iniciou, havia cinco meses, quadro de rouquidão e disfagia para sólidos, inicialmente leves, com piora progressiva. Passados 60 dias, sentia dispnéia aos esforços, até em atividades de pequena intensidade. Em três meses, apresentava ocasional hemoptise de pequena monta; também, episódios de precordialgia, sem relação com esforços. Procurou assistência em Unidade Básica, sendo avaliado com redução do murmúrio vesicular a esquerda, abolido nos dois terços inferiores, com submacicez. Radiografia mostrou opacidade em hemitórax esquerdo desviando mediastino para esquerda, comprimindo pulmão homolateral. Foi encaminhado a Cirurgia Torácica, que solicitou uma tomografia de tórax. Confirmou-se um volumoso pseudoaneurisma sacular trombosado na aorta descendente, a 25mm do istmo, com 62mm de diâmetro máximo e 62mm de extensão longitudinal, comprimindo esôfago e brônquio fonte esquerdo, com atelectasia quase completa do pulmão. Iniciou programação pré-operatória no Instituto de Cardiologia. Pelo aspecto da imagem, julgou-se ser um pseudoaneurisma crônico, com rotura contida, secundário ao trauma torácico anterior. Broncoscopia intraoperatória identificou extensa necrose do brônquio fonte esquerdo, sem possibilidade de reconstrução e com o pulmão excluído cronicamente, optou-se por pneumonectomia esquerda; seguiu-se a correção do pseudoaneurisma com Tubo de Dacron. Após 48 horas em UTI Cirúrgica e cinco dias em enfermaria, recebeu alta em boas condições clínicas.
Conclusão: Esta entidade rara, com sintomas inespecíficos, apresenta-se quase sempre como achado incidental em uma investigação; exige alto nível de suspeição para ser identificada. A correta argüição dos antecedentes do paciente são essenciais para o diagnóstico correto. Há pouca literatura sobre, com falta de evidência robusta em guidelines, sendo normalmente conduzida com os mesmos critérios dos aneurismas crônicos.