Introdução: Complicações mecânicas pós infarto agudo do miocárdio (IAM) são mais comuns nos quadros com supradesnivelamento de ST. Ocorrem em 1-3% dos casos, sendo a comunicação interventricular (CIV) responsável por 10% delas. Cursam com instabilidade hemodinâmica e rápida deterioração para choque cardiogênico. O ultrassom portátil (USP) a beira leito, reduz o tempo até o diagnóstico e tratamento definitivo.
Relato de caso: Paciente masculino, 80 anos, hipertenso, diabético. Quadro de dor em queimação ao repouso há 1 semana, intensa, irradiando para região cervical e membro superior direito e melhora após analgesia. Apresentou recorrência 12 horas antes da internação, associada a síncope. Na admissão, confuso, hipotenso, frequência cardíaca 90 bpm e respiratória 24 irpm, saturação de O2 95%, eletrocardiograma com achado sugestivo de IAM evoluído em parede inferior e troponina elevada. Realizada cineangiocoronariografia que revelou oclusão em terço médio de artéria coronária direita, com implante de 1 stent convencional. Transferido para unidade coronariana, evoluiu após 12 horas com hipotensão severa e insuficiência respiratória aguda. Iniciadas ventilação mecânica e drogas vasoativas. Ausculta cardíaca evidenciou sopro novo, holossistólico em rebordo esternal esquerdo. Realizado USP a beira leito que demonstrou fluxo esquerdo-direito ao color doppler, sugestivo de CIV (Figura 1), corroborada por ecocardiograma transesofágico que confirmou defeito septal ventricular muscular central medindo 7mm (Figura 2). Submetido à cirurgia de correção da CIV com sucesso.
Conclusão: CIV pós IAM ocorre geralmente entre o 3o e 5o dias, mas até 2 semanas do IAM. Reperfusão tardia, idade maior que 60 anos, sexo feminino e infarto de parede anterior são os principais fatores de risco. O quadro clínico é grave, a mortalidade é alta e a correção cirúrgica precoce é imperativa. Nesse contexto, o USP a beira leito tem importante papel à medida que reduz o tempo até o diagnóstico e tratamento definitivo.